presskit DJ Jota Wagner



segunda-feira, 22 de março de 2010

Viena - Quinta Feira


Quinta feira, algo como 1 da tarde, eu , rapha e a ressaca acordamos na quinta com a Joyce mais uma vez despejando sua doçura sobre a gente. Desta vez almoçamos num delicioso restaurante caseiro, com meia duzia de mesas e a dona enquanto única funcionária, esbanjando simpatia e preparando tudo na hora pra gente (tipo umsa 3 da tarde). O menu era uma especie de bolinho de carne com pure, suco de maçã e uma panquequinha com geleia caseira que é meio típico de lá.

O motivo do encontro é que a Joyce ia tocar com um dos seus amigos MCs numa parada de estudades que ia rolar nas ruas da cidade. Num caminhão de som. Quer dizer, nós achamos que ia ser uma parada, tipo mini love parade, mas não era. Era uma politicamente engajadíssima manifestação dos estudantes da cidade e de fora contra uma reforma universitária que estava sendo feita na união européia. Existe um movimento gigantesco entre a juventude de todos os países caindo pesado em cima do capitalismo e pedindo a volta do comunismo. É utópico e louco. Coisa de jovem que quer mudar o mundo. Via-se gente fantasiada, enormes faixas e cartazes, varios carros de som, grupos de outros paises, todos kids, com pouco mais de 18 me parecia. Todos metendo o pau no capitalismo (enquanto usufruiam dele ali mesmo na rua ao mesmo tempo em que demonizavam).

Foi muito bacana no entanto, sacar como o jovem europeu é instigado a pensar. A ter opiniões. A se envolver no que acreditam. Obviamente que o fato de ter euro sobrando no bolso sem ter de lavar banheiro ajuda. Mas eles são críticos e ser crítico é bem legal. As idéias, no entanto, overdosam de frivolidade e inocencia como a de todo jovem, seja na Bulgaria, Suecia, Estados Unidos, Uganda, Brasil...

Lá pelas 7 da noite fugimos do frio, que estava ficando perto do insuportável, e fomos pro hotel dar um bode na piscina aquecida (ficar de shorts com -2 la fora tem seu encanto) enquanto eu me preparava para um set como convidado na radio Superfly. Uma radio bacana, aconchegante e bem montada onde toquei e fui entrevistado entre 10h e meia noite, numa experiencia muito gostosa. Acompanhados pela Joyce, ja recuperada do show na passeata, fomos tomar vinho e comer um club sandwich, um pouco de proteina pra gastar nos clubs Camera e Flex, que fomos conhecer depois.

O Camera é o clube em atividade mais antigo da Austria. Imperava como sempre o padrão estágio para o inferno: portinha detonada, escadinha soturna, e um mundo de luzes coloridas, som de otima qualidade e tipos altamente indispensáveis no romance freak que um dia vou escrever. O som passeava entre uma mistura de tech house com musica comercial, pouco ouvido aqui no Brasil. Mais para o final de nossa estada de quase uma hora lá, o som foi caindo mais pro tech house underground. E a pista encheu. Significa que o vienese nao tava muito afim de ouvir refrãozinho cantado naquele dia. Adorei.



Saindo de lá, a parada foi o Flex, o clube mais famoso de Viena, quiçá da Austria. Feito num espaço embaixo de uma praça com entrada ao lado do rio. O Flex tem aquele aspecto detonado de clube underground. Tipo, "não tenho grana pra pintar esta parede então vai ficar fudido assim mesmo" ou então "já que não tenho esta grana vou colar um monte de cartazes aqui". o soundsystem do lugar é coisa de outro mundo, com um baixo claro e forte poucas vezes ouvido. E pra melhorar, a festa era de drumba, comandada pelo produtor e DJ D.Key. Segundo a Joyce o dream team brazuca já passou por lá: Marky, Patife, Andy, Ramilson... Estavamos no camarote ao lado da pista (onde o som tb é foda) mas queriamos conhecer a real vienna... fomos pra pista colar no meio do empurra empurra nonsense que rolava enquanto tentavamos encaixar nosso passinho drum´n´bass. Nem precisou, a gente dançava via esbarrões e empurrões chapados. É nois. Saí de lá com a impressão de que o Flex é um dos melhores clubes da Europa, um senhor lugar para se tocar. Quem sabe.

A noite acabou com um city tour gratis (ou em troca de uma breja) pela incrível arquitetura da cidade. No dia seguinte, tinhamos um corre pro aeoporto porque Oslo me esperava.



2 comentários:

Felipe Paniago disse...

Bom ler esses relatos, é muito bom o jeito que conta as histórias! Aproveite bem a viagem e que volte com mais inspiração!!

abraços

Marcelo Tavares disse...

Ae, Jota! Adorando seus textos, a medida que os conheço! Surpreendente como encaixou seu conhecimento, ao dos participantes do grupo! Você, complementando todos! Para tudo que postamos, você tem algo novo para contar! Obrigado!!!