presskit DJ Jota Wagner



sexta-feira, 19 de março de 2010

Viena - Quarta Feira!




Começa a segunda parte do final de semana da tournesinha pelo velho muito velho mundo. Numa quarta feira aa noite tenho um show no Cafe Leopold. O primeiro de um serie que ainda envolvia a radio Supafly FM no dia seguinte, Oslo na sexta feira e Brighton no sabado, na festinha da On The House Records.

Uma correria que começou na madrugada de quarta feira que se transformaria em 5 dias repletos de sensaçoes, pessoas, perversões, deep talking e muito esforço filosofico.

A musica traz na sua vida pessoas que provavelmente passariam longe da sua existencia. Talvez ao cruzar numa rua qualquer ou mesmo numa festa qualquer, um oi e tchau encerrariam esta intersecção de desejos reprimidos e ambições sem sentido. Esta viagem foi repleta destas pessoas.

Caminhamos bem cansados até o hotel Eurostars, arranjado pelo Rapha, perto da estação de trem Allen Strasser, ou algo assim, perto da região central da cidade. O vento cortava bonito a pele do rosto, unica parte do corpo exporta ao empoeirado vento vienense. Os predios de diversas epocas, o chão da calçada coberto por uma fina poeira branca e cartazes de shows de gosto duvidoso nos esquisitos bares terreos, alem de um povo naturalmente mais misturado do que o padrão europeu me conectou com São Paulo.

Dormir foi a unica saida para quem havia acordado as 4 da manhã para entrar nos caminhões de gado tambem chamados low cost flights na Europa. Um sono de umas tres horas, providencial, premonitivo, indispensável para me dar energia para o que me esperava nos proximos dias. Por telefone, às 9 da noite, falei pela primeira vez com a nuclear Joyce Muniz. A baixinha, elétrica, socialmente inteligentíssima e um doce de companhia é um dos DJs que mais se movimenta na cidade, tocando em todos os clubes da cidade, fazendo radio shows semanais, representando labels, fazendo parcerias com MCs, tendo ideias e, quando sobra tempo, ciceroneando djs brasucas que colam em Viena.

Sentados numa mesa do Cafe Leopold, com a dificil tarefa de matar um salmão muito bem feito e rodeado por algumas figuras vienenses (uma linda jornalista com cabelos curtos, enormes olhos verdes, um otimo portugues e uma bela camisa do Black Flag (uma apimentada mistura de Joan Jett com Chrissie Hynde) , um dos Mcs que colaboravam com a Joyce, uma simpatica cachorrinha cujo nome esqueci e o Rapha, era dificil levar conversa adiante com a vista que eu tinha pelas paredes envidraçadas do bar, encrustrado no meio do Leopold Museum, e rodeado por um diversos outros incriveis edificios cuja arquitetura era simplesmente deliciosa para os olhos, todos eles fechando um patio enorme por onde só se entrava a pé para curtir as diversas atrações culturais e alguns bares que haviam ali.

Quarta feira é uma noite comandada pelo loirinho dj Francoforte, fazendo warm up com discos bacanas e uma potente cobertura deep. A proposta é meio bar meio restaurante e em algumas noites alguem levantava pra dançar, algumas vezes não (foi o caso desta quarta). A noite rendeu muita breja, muita musica e um set de quase tres horas gravado ao vivo. Mas 3 horas da manhã era pouco pra dois brasileiros nervosos e violentos em sua primeira noite pela capital austríaca. Saindo de lá andamos por cinco minutos por entre passarelas e corredores até dar com uma porta e um clube de Laranja Mecanica. Centenas de retangulos de espuma por todo o teto, de diferentes tamanhos, decorados por uma projeção de vido, estatica que tomava todo o teto, as paredes e as pessoas sentadas na mesa. O som era tecno , funky, tocado por um dj tao chapado que ele mal sabia o que estava fazendo. Haviam cerca de 50 pessoas no barl ,algo assim, todas sentadas na mesa, ninguem dançando, naquele estagio que europeu fica perto das 3 da manhã. Chapados de um jeito em que se transformam numa espécie de zumbis. Eles não falam, andam tortamente, dançam errado, dando a impressão que, se vc der um tapa bem dado na orelha do nego a cabeça simplesmente descola do pescoço e sai rolando pelo chão.

Ao deitar a cabeça no travesseiro, quase seis da manhã, a sensação era de this is gonna be a fuckin good trip.



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