presskit DJ Jota Wagner



quarta-feira, 24 de março de 2010

Sexta feira... Oslo





Eu, Rapha e a ressaca acordamos em torno das 10. não lembro direito pra dizer a verdade. Nos mandamos prum aeroporto pra duas horas e meia de voo para Oslo.

Ao olhar pra baixo quando começamos a sobrevoar a Noruega, o país era branco. só neve. um mundo de sorvete de coco. Neve, neve neve. O dj e promoter da festa, Ivaylo foi nos buscar no aerporto. Um bulgaro que vive a anos em Oslo e faz diversas noites lá. Um "deep house soudier" como ele mesmo se define e define a todos que vivem neste perrengue de promover noites de música (realmente) underground mundo a fora.

O cara é uma mistura inexplicável de produtor bacana, dj conhecido, divorciado fudido, desorganizado chapado e militante incansável. Sabe aquele tipo que ganha 500 reais tocando no fim de semana, e depois gasta 2 mil na segunda porque esqueceu de botar agua no radiador e fundiu o motor da caranga? por ai. Dividindo a casa e o carro com a peluda Sheline (um doce de cadelinha), Ivaylo promove atualmente duas noites por semana e tem mais uma pra começar.

Infelizmente, a que eu toquei não foi das melhores. Devido a um conjunto de fatores como bar ainda não solidificado na cena da cidade, bebida muito cara pros malucos em geral, rigoroso e longo inverno que simplemente minou qualquer tentativa de bom humor e outros fatores mais que não consegui identicar, a noite contou com não mais que umas 40 pessoas, considerando já a grande rotatividade. A entrada era gratis, assim como quase tudo na caríssima Oslo. Isso significa que neguinho seguia pulando durante a noite de bar em bar, a procura do que melhor equilibrava a relação goró farto e menos caro, garotas de bobeira e som legal.

No final, a experiencia e o show foram divertidos. Tres horas de musica bacana, bem tocada e legal, pra espantar o frio. Teve uma brasileira que ainda foi prestigiar, louca, linda, mineira, com seu marido norueguês. Falando pelas ventas e matando a minha saudade do jeito de conversar que só brasileiro sabe conduzir. E mineira ainda! Bão dimais da conta.

Falando em mulher bonita, Oslo é florida, assim como Vienna. Ambas tem mulheres charmosas, bem vestidas, bonitas e que expiram um pouco de sexualidade, ao contrario das geralmente insossas britãnicas e das geralmente cafonas espanholas.

No dia seguinte curtimos um pouco da cidade, batendo papo com um falante Ivo sobre todos os assuntos possiveis regarding musica, cultura e politica. O almoço foi extremamente agradavel, com um solzinho entrando gostoso pela parede envidraçada do Horgan´s enquanto a neve deitava lá fora na que era uma especie de Oscar Feire de Oslo. Tomando a primeira breja do dia e matando um Rock´n´Roll Chilly Burger delicioso, misturando breakfast com almoço como sempre. Seguindo o dito popular que só bebendo se cura ressaca, a minha estava curadinha da silva uma hora depois de acordar.

terça-feira, 23 de março de 2010

Entrevista Radio Superfly FM

Continuando o post de ontem, segue a entrevista pra radio Superfly FM feita pelo dj Crazy Sonic

Uns 5 minutos falando de house, da Lunatic Jazz e da cena paulistana


youtube video:







segunda-feira, 22 de março de 2010

Viena - Quinta Feira


Quinta feira, algo como 1 da tarde, eu , rapha e a ressaca acordamos na quinta com a Joyce mais uma vez despejando sua doçura sobre a gente. Desta vez almoçamos num delicioso restaurante caseiro, com meia duzia de mesas e a dona enquanto única funcionária, esbanjando simpatia e preparando tudo na hora pra gente (tipo umsa 3 da tarde). O menu era uma especie de bolinho de carne com pure, suco de maçã e uma panquequinha com geleia caseira que é meio típico de lá.

O motivo do encontro é que a Joyce ia tocar com um dos seus amigos MCs numa parada de estudades que ia rolar nas ruas da cidade. Num caminhão de som. Quer dizer, nós achamos que ia ser uma parada, tipo mini love parade, mas não era. Era uma politicamente engajadíssima manifestação dos estudantes da cidade e de fora contra uma reforma universitária que estava sendo feita na união européia. Existe um movimento gigantesco entre a juventude de todos os países caindo pesado em cima do capitalismo e pedindo a volta do comunismo. É utópico e louco. Coisa de jovem que quer mudar o mundo. Via-se gente fantasiada, enormes faixas e cartazes, varios carros de som, grupos de outros paises, todos kids, com pouco mais de 18 me parecia. Todos metendo o pau no capitalismo (enquanto usufruiam dele ali mesmo na rua ao mesmo tempo em que demonizavam).

Foi muito bacana no entanto, sacar como o jovem europeu é instigado a pensar. A ter opiniões. A se envolver no que acreditam. Obviamente que o fato de ter euro sobrando no bolso sem ter de lavar banheiro ajuda. Mas eles são críticos e ser crítico é bem legal. As idéias, no entanto, overdosam de frivolidade e inocencia como a de todo jovem, seja na Bulgaria, Suecia, Estados Unidos, Uganda, Brasil...

Lá pelas 7 da noite fugimos do frio, que estava ficando perto do insuportável, e fomos pro hotel dar um bode na piscina aquecida (ficar de shorts com -2 la fora tem seu encanto) enquanto eu me preparava para um set como convidado na radio Superfly. Uma radio bacana, aconchegante e bem montada onde toquei e fui entrevistado entre 10h e meia noite, numa experiencia muito gostosa. Acompanhados pela Joyce, ja recuperada do show na passeata, fomos tomar vinho e comer um club sandwich, um pouco de proteina pra gastar nos clubs Camera e Flex, que fomos conhecer depois.

O Camera é o clube em atividade mais antigo da Austria. Imperava como sempre o padrão estágio para o inferno: portinha detonada, escadinha soturna, e um mundo de luzes coloridas, som de otima qualidade e tipos altamente indispensáveis no romance freak que um dia vou escrever. O som passeava entre uma mistura de tech house com musica comercial, pouco ouvido aqui no Brasil. Mais para o final de nossa estada de quase uma hora lá, o som foi caindo mais pro tech house underground. E a pista encheu. Significa que o vienese nao tava muito afim de ouvir refrãozinho cantado naquele dia. Adorei.



Saindo de lá, a parada foi o Flex, o clube mais famoso de Viena, quiçá da Austria. Feito num espaço embaixo de uma praça com entrada ao lado do rio. O Flex tem aquele aspecto detonado de clube underground. Tipo, "não tenho grana pra pintar esta parede então vai ficar fudido assim mesmo" ou então "já que não tenho esta grana vou colar um monte de cartazes aqui". o soundsystem do lugar é coisa de outro mundo, com um baixo claro e forte poucas vezes ouvido. E pra melhorar, a festa era de drumba, comandada pelo produtor e DJ D.Key. Segundo a Joyce o dream team brazuca já passou por lá: Marky, Patife, Andy, Ramilson... Estavamos no camarote ao lado da pista (onde o som tb é foda) mas queriamos conhecer a real vienna... fomos pra pista colar no meio do empurra empurra nonsense que rolava enquanto tentavamos encaixar nosso passinho drum´n´bass. Nem precisou, a gente dançava via esbarrões e empurrões chapados. É nois. Saí de lá com a impressão de que o Flex é um dos melhores clubes da Europa, um senhor lugar para se tocar. Quem sabe.

A noite acabou com um city tour gratis (ou em troca de uma breja) pela incrível arquitetura da cidade. No dia seguinte, tinhamos um corre pro aeoporto porque Oslo me esperava.



sexta-feira, 19 de março de 2010

Viena - Quarta Feira!




Começa a segunda parte do final de semana da tournesinha pelo velho muito velho mundo. Numa quarta feira aa noite tenho um show no Cafe Leopold. O primeiro de um serie que ainda envolvia a radio Supafly FM no dia seguinte, Oslo na sexta feira e Brighton no sabado, na festinha da On The House Records.

Uma correria que começou na madrugada de quarta feira que se transformaria em 5 dias repletos de sensaçoes, pessoas, perversões, deep talking e muito esforço filosofico.

A musica traz na sua vida pessoas que provavelmente passariam longe da sua existencia. Talvez ao cruzar numa rua qualquer ou mesmo numa festa qualquer, um oi e tchau encerrariam esta intersecção de desejos reprimidos e ambições sem sentido. Esta viagem foi repleta destas pessoas.

Caminhamos bem cansados até o hotel Eurostars, arranjado pelo Rapha, perto da estação de trem Allen Strasser, ou algo assim, perto da região central da cidade. O vento cortava bonito a pele do rosto, unica parte do corpo exporta ao empoeirado vento vienense. Os predios de diversas epocas, o chão da calçada coberto por uma fina poeira branca e cartazes de shows de gosto duvidoso nos esquisitos bares terreos, alem de um povo naturalmente mais misturado do que o padrão europeu me conectou com São Paulo.

Dormir foi a unica saida para quem havia acordado as 4 da manhã para entrar nos caminhões de gado tambem chamados low cost flights na Europa. Um sono de umas tres horas, providencial, premonitivo, indispensável para me dar energia para o que me esperava nos proximos dias. Por telefone, às 9 da noite, falei pela primeira vez com a nuclear Joyce Muniz. A baixinha, elétrica, socialmente inteligentíssima e um doce de companhia é um dos DJs que mais se movimenta na cidade, tocando em todos os clubes da cidade, fazendo radio shows semanais, representando labels, fazendo parcerias com MCs, tendo ideias e, quando sobra tempo, ciceroneando djs brasucas que colam em Viena.

Sentados numa mesa do Cafe Leopold, com a dificil tarefa de matar um salmão muito bem feito e rodeado por algumas figuras vienenses (uma linda jornalista com cabelos curtos, enormes olhos verdes, um otimo portugues e uma bela camisa do Black Flag (uma apimentada mistura de Joan Jett com Chrissie Hynde) , um dos Mcs que colaboravam com a Joyce, uma simpatica cachorrinha cujo nome esqueci e o Rapha, era dificil levar conversa adiante com a vista que eu tinha pelas paredes envidraçadas do bar, encrustrado no meio do Leopold Museum, e rodeado por um diversos outros incriveis edificios cuja arquitetura era simplesmente deliciosa para os olhos, todos eles fechando um patio enorme por onde só se entrava a pé para curtir as diversas atrações culturais e alguns bares que haviam ali.

Quarta feira é uma noite comandada pelo loirinho dj Francoforte, fazendo warm up com discos bacanas e uma potente cobertura deep. A proposta é meio bar meio restaurante e em algumas noites alguem levantava pra dançar, algumas vezes não (foi o caso desta quarta). A noite rendeu muita breja, muita musica e um set de quase tres horas gravado ao vivo. Mas 3 horas da manhã era pouco pra dois brasileiros nervosos e violentos em sua primeira noite pela capital austríaca. Saindo de lá andamos por cinco minutos por entre passarelas e corredores até dar com uma porta e um clube de Laranja Mecanica. Centenas de retangulos de espuma por todo o teto, de diferentes tamanhos, decorados por uma projeção de vido, estatica que tomava todo o teto, as paredes e as pessoas sentadas na mesa. O som era tecno , funky, tocado por um dj tao chapado que ele mal sabia o que estava fazendo. Haviam cerca de 50 pessoas no barl ,algo assim, todas sentadas na mesa, ninguem dançando, naquele estagio que europeu fica perto das 3 da manhã. Chapados de um jeito em que se transformam numa espécie de zumbis. Eles não falam, andam tortamente, dançam errado, dando a impressão que, se vc der um tapa bem dado na orelha do nego a cabeça simplesmente descola do pescoço e sai rolando pelo chão.

Ao deitar a cabeça no travesseiro, quase seis da manhã, a sensação era de this is gonna be a fuckin good trip.



domingo, 7 de março de 2010

leo clayton, eu , richard clark, jaxx and patric funk



sentado em um trem as quatro da tarde, midlands, indo para Londres. Pós md..., pos cerveja, pos working class english youth, pos underground, pos bate papos interminaveis sobre o sentido da vida, o imperio britanico, a ultima do jamie anderson.

a paisagem combina, e muito, com o johnny cash no fone de ouvido. sim. é domingo, cinco dias após meter os pés neste frio continente e finalmente tenho um tempo para escrever.

a cabeça ainda esta em uma noite que não terminou. York guarda seus segredos nos poroes, inside the city gates. uma porta boba ao lado do mais novo punk club da cidade, uma escada que leva pro basement, panos nas paredes, arcos na pista de dança, piso de madeira, fumaça e um sistema de som simplesmente espetacular. lendas vivas da cena eletronica de york, 12 anos de historia, muita gente, muita dança, muita diversão. muito entendimento do groove por pessoas comuns. muita historia. muitas historias. muitos sentimentos provocados por 30 anos de colonizacao do imperio musical britanico na minha cabeça.

chegamos na cidade as 9 da noite, apos perder o trem graças a um incrivel english breakfast preparado por dois dos meus anjos, rapha e chrys. breakfast anti ressaqueiro. a noite no East Village foi igualmente classica, inesquecivel e emblematica, mas de um jeito diferente. O East Village é o classico oldschool house club. Basement , pra 200 pessoas, piso de madeira, bar e gente dançando. musica, musica e musica. tudo sobre música. existe a moda. existe o hype. existem as gerações que mudam e se confrontam, existe tudo. mas pra mim existe a cabine. Só existe a cabine. Na cabine não há mais mundo. Lá me desintegro, e viro ar respirado pela gente na pista. Gente alegre, muito goró e muitos pulos. That´s London. That´s York. That´s life.

descer do taxi, cruzar a rua, furar a fila, cruzar a porta, checar os rostos, olhar os quadros, descer a escada, sentir a temperatura, abrir a red stripe, responder às mesmas perguntas, abrir a red stripe, sentir o clima, abrir a red stripe, colocar a primeira musica, abrir a red stripe, descer pro funky, abrir a red stripe, ouvir cantadas, abrir a redstripe ouvir os gritos, abrir a red stripe, erguer os braços, abrir a red stripe, agradecer.

cheguei em londres na sexta, antes de tocar, via eidhoven, doordretch, bruxelas e londres by train.
há conversas que são melhores que o melhor filme, que o melhor livro. há momentos em que o tempo deixa de ser tempo e vira só tempo. praça central, mesa ao sol, cervejas e cervejas, histórias e estórias. Não importa a importancia. nem o assunto. importa a conversa. o fluir de ar que sai da boca e entra pelo ouvido.

meus outros dois anjos me guardaram seguro e atento por dois dias na organizada e inteligente Eidhoven. Tio Wagner estava bem cuidado. Vinhomuitovinho e comida e conversa e conversa e conversa.

o domingo acabou com meia duzia de pints no East Village again, na noite de reggae deles que rola neste dia. bom papo com o estudioso do funk Stuart Patterson, que ainda tocou por um tempo.

such a nice time