presskit DJ Jota Wagner



terça-feira, 7 de julho de 2009

Malcolm Gladwell esta certo!


Esta rolando uma baita polêmica em relação ao livro "Free" do editor da revista Wired Chris Anderson. Um pouco da polêmica foi publicada no blog do Mathias e ela esta bombando entre os pensadores da atualidade porque no livro, a ser lançado esta semana, Anderson bate na tecla de que não tem jeito: queiram ou não o caminho para o conteudo de todos os gêneros na internet e ser irremediavelmente livre.
Alguns dos principais argumentos são de que os recursos eletrônicos, como a banda de internet por exemplo, são cada vez mais baratos. Outro eh que quando alguem resolver cobrar por algo, um concorrente vai aparecer dando de graça para ganhar mercado, trazendo a coisa cada vez mais pra baixo, ate chegar ao nivel de zero, free, na faixa, no vascão mesmo.
No entanto, eis que Malcolm Gladwell resenhou o livro pra New Yorker contestando estes argumentos, justificando que é cedo demais para alguem ter uma idéia tão certa sobre o assunto. No pique do pique, Seth Godin entrou na parada publicando um texto com o singelo título "Malcolm está errado". Seth e o próprio Anderson, em suas defesas à rezenha, deixaram a pintura de que Malcolm , por trabalhar numa empresa dos padrões antigos, pré internet, estaria querendo puxar a sardinha pro seu lado, garantir o pão.
Lendo um pouco da polêmica, deixo aqui minha contribuição: Malcolm está certo. Certíssimo. A idéia de música, jornais, vídeo e livros na internet totalmente de graça no futuro é balela. Obviamente, estou muito longe dos conhecimento dos economistas e pensadores pop que furunfilosoficam sobre isso todos os dias, mas sendo artista que vive de música e usa a internet para 90% do seu trabalho de auto promoção e de distribuição das músicas, tenho sim meus palpites.
- Os recursos estarão, a partir de agora, cada vez mais caros: água encanada, energia elétrica, combustíveis, papél, silício... e banda de internet. Tudo vai entrar numa onda de encarecimento gradativo com o passar dos anos. O Youtube, usado como exemplo de "serviço de graça de sucesso" , vai dar um prejú bonito de 500 milhões de dolares este ano. Logo, vai ser um exemplo de mal negócio. Logo, vai desencorajar empresas a investir nos novos negócios grátis da internet, de twitters a orkuts... e logo, vai gerar um círculo vicioso de serviços cobrados na net. Tipo... "o período de trials acabou. agora esse treco de net vai ser pra valer".
- É mais barato comprar do que baixar: ao contrário do que muitas pessoas pensam, existe um ponto de equilíbrio onde compensa pagar em vez de perder tempo procurando em torrents. A grande maioria das pessoas deste mundo, agora e no futuro, trabalham, usam a cabeça ou o corpo durante todo o dia e usam o disco do Radiohead, o seriado Lost ou o livro do Paulo Coelho como diversão e relaxamento. Ficar procurando por download grátis leva tempo, o conteúdo é por diversas vezes de má qualidade (mp3 lixo, por exemplo) e por muitas vezes é mentiroso. Tem muito músico desconhecido que faz um pacote com suas faixa, zipa o arquivo como "Rolling Stones Unreleased Tapes" e põe nos bittorrentes da vida. Comprar um album inteiro dos Stones por , digamos 3 dolares, é melhor negócio do que perder tempo pra precisa dele. O problema é que não se chegou a este preço (ainda) e nem numa forma de comercializar música com embalagem (um pack multimídia acompanhando, por ex, com making of, como fazem nos filmes). CDs em bancas de jornais de luxo e lojas de conveniência por exemplo, sempre vão vender, nem que em vez de o cd seja 'o novo pendrive do Johnny Fiasco'.
- Os Filtros São Indispensáveis: Seguindo no assunto "tempo", por mais que hajam bons blogueiros pupublicando, bons m´sicos colocando faixas grátis para download e bons videomakers botando vídeos no youtube, os filtradores de conteúdo, aqueles que separam o joio do trigo num mundo em que há muito, mas muito mais joio do que trigo são indispensáveis e, mais uma vez, para quem não tem tempo compensa pagar por um "filtrador" de conteúdo em vez de achar na raça neste oceano de porcaria. No caso da música, são os labels, as gravadoras e até mesmo lojas especializadas em downloads de subestilos. No caso da imprensa, são os veículos que disponibilizam conteúdo pago via net (muitos deles, como a The Economist por exemplo, fazendo isso com enorme sucesso). No caso do vídeo, são as TVs pagas. Sejam via cabo, via net ou que forem. Seja pra criar conteúdo ou pra separar conteúdo. Existem revistas de música e tecnologia que liberam o conteúdo via assinatura anual, muito mais barato do uqe a revista de papel. Eu digo: compensa pagar e ter acesso a tudo filtrado e com o nível de qualidade deles. Simplesmente porque a internet está inundada de artigos e reviews (mal) feitos, por gente que entende muito menos do que eu posando de expert.
- O Prato Feito Custa 7 reais: finalizando, o mais óbvio de todos os fatores pelos quais o conteúdo grátis na net nunca vai ser total (e vai diminuir!). Não dá pra descolar um saco de batatas num blog, num fórum de discussões, no orkut ou no myspace. O angú encaroça justamente no cruzamento entre a economia real e a virtual. Conteúdo é feito por gente que come, usa roupas e paga aluguel. Conteúdo bem feito demanda tempo e pesquisa, seja pra publicar um blog, seja pra caçar vídeos antigos dos trapalhões pra botar no youtube. Vai chegar uma hora que o blogueiro vai precisar ir pra cozinha, e vai ver a geladeira vazia, e ai vai parar de blogar. Neste momento, vai entrar outro no lugar dele, ainda mais inexperiente, mais incapaz e mais crú. Fazer bem feito leva tempo e, em alguns casos, leva a vida inteira. Mesmo que seja possível baixar todos os programas de pordução musical de graça no computador da sua casa, isso não significa nada em relação às horas de estudo, pesquisa e suor pra criar algo que preste. Isso significa que, passado este momento de deslumbre que vivemos com a internet, ninguem vai dar seu pão. Artista, escritor, videomaker, ninguem vai entregar o peixe e ficar com fome, compreendam. Mesmo se não for vendido mais nenhum livro no mundo em 2010, os melhores autores, acreditem, não vão arumar um emprego no supermercado. Eles sempre terão compradores para o seu conteúdo. A única coisa que falta é o ponto de equilíbrio. O preço X o tempo de achar de graça. 3 dolares não é caro por um livro do Saramago, por exempoo, nem no Quênia. E tenham certeza, é muito mais do que ele ganha por livro 'real' vendido.
Concluindo. Tudo está por um triz. Adequação de preço e formato de distribuição.

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